PAICV acusa Governo de aumentar dívida pública de Cabo Verde
O Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), principal partido da oposição, acusou, sexta-feira, na cidade da Praia, o Governo de ter aumentado a dívida pública do país de 121% para 126% do Produto Interno Bruto (PIB).
Reagindo em conferência de imprensa aos resultados da missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) a Cabo Verde, concluída quarta-feira última, o vice-presidente do PAICV, José Veiga, lembrou que, aquando da discussão do Orçamento de Estado no Parlamento, em junho último, o Governo apontava para um endividamento do país na ordem dos 124%, sublinhando que o compromisso era baixar a dívida e não a aumentar.
"O compromisso assumido com os Cabo-verdianos foi de promover a redução da dívida pública (e não promover o seu aumento), com o argumento de que o país estava excessivamente endividado, que a dívida não era sustentável e que isso afetava negativamente a dinâmica económica", precisou.
José Veiga considerou que as conclusões do FMI vieram comprovar a tese, sempre sustentada pelos Governo do PAICV, de que "o endividamento de Cabo Verde foi analisado, planificado e avalizado pelos principais parceiros internacionais".
E sendo concecional, com prazos dilatados de pagamento e baixas taxas de juro, se revelou uma "grande janela de oportunidades para garantir a infraestruturação do país", acrescentou.
Considera que as conclusões da missão do FMI deixaram ainda claro que as estimativas da maioria de crescimento da economia a 7% por ano foram "um expediente eleitoral".
"Depois de ter adotado como uma das suas bandeiras de campanha, o crescimento de 7% do PIB para o ano, de modo a gerar cerca de nove mil empregos, eis que o Governo assumiu ter enganado os Cabo-verdianos", acusou José Veiga.
O vice-presidente do PAICV aludia desta forma às declarações do ministro das Finanças cabo-verdiano, Olavo Correia, que, esta semana, admitiu dificuldades em fazer crescer a economia a esses níveis.
Ao comentar os resultados da missão do FMI, Olavo Correia admitiu dificuldades em pôr a economia cabo-verdiana a crescer em média 7% por ano, mas assegurou que o Governo está a trabalhar para alcançar essa meta.
Contudo, o vice-presidente do maior partido da oposição assinala que "é o próprio FMI que vem alertar os Cabo-verdianos que as projeções de crescimento do país se situarão entre os 3% e os 4% demonstrando que as contas do MpD (partido no poder) estavam e estão erradas".
Ao fazer o balanço no final de duas semanas em Cabo Verde, o chefe da missão do FMI, Ulrich Jacoby, reconheceu que a economia cabo-verdiana começa a dar sinais de recuperação, mas mostrou-se preocupado com a situação financeira das empresas públicas, recomendando urgência numa solução que pare "a drenagem" de recursos do orçamento de Estado.
Alertou, por outro lado, para a importância de reduzir uma dívida pública "muito alta" que, nos últimos anos, combinada com os baixos índices de crescimento económico, "deteriorou consideravelmente os rácios" e aumentou o risco financeiro do país.
O Governo cabo-verdeano é suportado pelo Movimento para a Democracia (MpD), partido vencedor das eleições legislativas de 20 de março último.
Fonte: Panapress