Famílias cabo-verdianas gastam cerca de 23% do seu orçamento com saúde
As famílias cabo-verdianas gastam cerca de 23% do seu orçamento com a saúde, uma vez que o Estado não tem recursos suficientes para custear todas as despesas do setor, apurou a PANA terça-feira de fonte oficial.
Segundo a diretora-geral do Planeamento, Orçamento e Gestão (DGPOG), Serafina Alves, é necessário melhorar a questão da participação nos custos de saúde porque, se não, as famílias, que já pagam impostos, ficam ainda mais empobrecidas.
A responsável, que falava à imprensa no âmbito da reunião alargada do Ministério que aconteceu na Ribeira Grande de Santiago (Cidade Velha), precisou que o país não tem recursos para “a cobertura universal, ou seja, para que todos tenham acesso à saúde".
Por isso, ela considera que é preciso alocar mais recursos, mas também mais eficiência e mais rigor na utilização dos já existentes.
Serafina Alves disse também que a estratégia para a saúde para os próximos cinco anos em Cabo Verde prevê a possibilidade de criação de uma lei para angariação de mais meios através de fontes alternativas, como a taxa do turismo, o fundo do ambiente e o aumento da verba que o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) comparticipa para o setor.
A diretora-geral da DGPOG indicou ainda que outro fator que tem contribuído para aumentar os custos com o setor da saúde no país é a falta de segurança, principalmente, nos grandes centros urbanos.
"Este é um problema grave que nós temos com a saúde. O Hospital Agostinho Neto tinha apresentado alguns números de gastos com a saúde que são demasiado elevados. A falta de segurança no país, especialmente na cidade da Praia, tem trazido muitos problemas para o setor da saúde, porque há muitas agressões, cirurgias, acidentes rodoviários", disse.
A responsável anotou ainda que o consumo abusivo do álcool também tem trazido muitos problemas para a saúde em Cabo Verde, país que pretende baixar o nível da taxa de álcool no sangue dos condutores de 0,8% para 0,5% e que em julho passado lançou uma campanha de prevenção do consumo abusivo de álcool.
Serafina Alves indicou ainda que outra forma de reduzir os custos com o setor seria diminuir os exames complementares, que constituem uma área de desperdício.
"Quando fazemos um exame e o utente não o vai lá buscar, estamos a desperdiçar um recurso que poderia ser necessário para outra pessoa que, se calhar, tem mais necessidade", exemplificou, dizendo que os médicos passam muitos exames complementares que os utentes deixam nas estruturas de saúde.
Fonte: Panapress