Governo e Nortuna assinam acordo para produção de atum em aquacultura

O Governo e a Nortuna Holding CV. SA assinaram hoje um acordo de parceria no âmbito da implementação do projeto de investimento industrial para aquicultura e processamento de atum rabilho do atlântico. O acto teve lugar nas instalações do Ministério da Economia Marítima, em São Vicente.

O documento foi rubricado pelo ministro da Economia Marítima e pelo diretor-geral da empresa norueguesa, Jan-Helge Dahl. Na mesma ocasião foi entregue o Certificado de Registo do Projeto à Nortuna Holding CV. SA, pelo Centro Internacional de Negócios.

Em entrevista aos jornalistas, Paulo Veiga destacou um projeto pioneiro a nível mundial e de suma importância para Cabo Verde, em particular para a zona norte do país.

“É só pensarmos que a nossa exportação vai ser dez vezes maior do que é neste momento para termos a noção do impacto que este tipo de projeto vai ter no país. E mais, eles querem exportar as toneladas de atum que produzirem via aérea, o que implica investimentos e tráfego aéreo para o país e para o nosso aeroporto em São Vicente, permitindo outra dinâmica a nível, por exemplo, do abastecimento de combustível. Portanto, é um projeto de suma importância para Cabo Verde”, refere.

Para o governante, a iniciativa também vai diversificar o mercado, sendo o primeiro projecto desta dimensão fora do sector do turismo.

A primeira fase deste investimento em São Vicente será em Flamengo, estando prevista a expansão posterior para Tarrafal de Monte Trigo, em Santo Antão, e para a ilha de São Nicolau. A Nortuna, através do seu representante Luís Rodrigues, considera que o potencial de produção em São Nicolau é maior.

“No Flamengo vamos produzir 10 mil toneladas de peixe, assim como em Santo Antão. São Nicolau tem um potencial ainda maior, mas vamos fazer um estudo para saber o que podemos produzir. Nessa fase piloto prevemos produzir 500 toneladas. Se tudo correr bem vamos avançar até chegar no investimento total que é de 200 milhões de euros”, aponta.

Presente na cerimónia, o presidente da Cabo Verde Tradeinvest, José Almada Dias, destacou que se tudo correr bem, Cabo verde será o primeiro país do mundo a exportar atum produzido em aquacultura, utilizando tecnologia de ponta. Para o responsável, os impactos económicos e sociais do investimento serão incomensuráveis à luz do que conhecemos hoje.

“Estamos a falar de um volume de investimento que poderá atingir 240 milhões de euros e criar cerca de mil postos de trabalho directos, que por sua vez irá induzir a criação de mais de 3 mil empregos indiretos. O projeto prevê gerar, nas previsões mais conservadoras, exportações de 3 mil milhões de euros. A título comparativo, todas as exportações combinadas de bens do nosso país ficam-se hoje pelos 90 milhões de euros. Certamente dará um contributo decisivo para o sonho tão almejado por todos os cabo-verdianos de ver este país desenvolver-se e deixar de depender da ajuda externa”, aponta.

Ainda este ano, segundo José Almada Dias, está previsto a vinda de um navio de investigação norueguês e de um navio de pesca de grandes profundidades para pesquisar os recursos na Zona Económica Marítima do arquipélago.

“Os noruegueses estão confiantes de que temos vastos recursos submarinos mesopelágicos, cuja exploração por si só irá criar várias outras industrias, desde uma verdadeira pesca industrial que nós ainda não temos, passando pelo processamento e produção de ração, óleo e outros derivados”, afirma.

A primeira fase da instalação de uma unidade de produção de atum em aquacultura na ilha de São Vicente arrancou na segunda-feira, em Salamansa, com a terraplanagem. Os trabalhos marítimos devem começar a partir do mês de Maio, a produção dos ovos arranca em Julho e a primeira exportação será em 2022.

A fase piloto, envolve a construção das zonas de incubadoras e de montagem dos equipamentos que definem o processo de incubação e de teste, tendo já a capacidade de produção de até 300 toneladas por ano.

A segunda fase já comporta o cultivo da espécie ABFT na baía – aquacultura no mar - de Flamengo “em larga escala”, cujo volume de produção estimado se situa entre 8.000 e 10.000 toneladas por ano.

A terceira fase prevê a produção em larga escala, a transformação e “o alargamento da produção para outras ilhas de Cabo Verde, nomeadamente Santo Antão e São Nicolau.

Fonte: ECONOMIA

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