Ministro dos Transportes assinala melhorias na ligação a Santo Antão mas admite que horários não são "os mais adequados"
Os operadores turísticos e condutores em Santo Antão esperam a normalização total do serviço do transporte marítimo inter-ilhas antes do arranque da época alta do turismo. A preocupação foi expressa esta manhã, pelo porta-voz do grupo, Carlos Neves, num breve encontro com o ministro do Turismo e Transportes.
José Gonçalves deslocou-se a Santo Antão para acompanhar o funcionamento do novo serviço marítimo, em vigor desde 15 de Agosto.
“A nossa principal preocupação é que nos estamos a aproximar da época de turismo e estamos a preparar a ilha para competir com as outras. Se não tivermos transporte, não conseguiremos fazer isso. Eu trabalho com os barcos de cruzeiro. Quando chegam a São Vicente, às vezes recebo entre 200 a 220 turistas que vêm numa única viagem. Se não tivermos turistas, ficamos todos parados. Queremos melhorias e que isso vá avante”, disse.
A concessão do transporte inter-ilhas foi atribuída à Cabo Verde Interilhas (CVI), empresa criada na sequência do concurso internacional, vencido pela portuguesa Transinsular.
Carlos Neves afirma que já se registam melhorias face aos problemas das primeiras semanas, mas que para a população que vive nas localidades mais distantes do Porto Novo o problema ainda não foi resolvido.
“É um sacrifício enorme para as pessoas que moram longe. Têm de pedir aos condutores para lhes comprarem o bilhete para poderem viajar. Se o condutor não conseguir comprar o bilhete, vêm tentar a sorte. Penso que isto está a melhorar, mas penso que esta linha só atingirá a normalidade com a colocação de dois navios”, acredita.
O presidente da Câmara Municipal do Porto Novo, Aníbal Fonseca, que esteve reunido com José Gonçalves e Paulo Lopes, administrador executivo da CVI, na Gare Marítima do Porto Novo, destaca o empenho do governo na resolução dos problemas surgidos na linha Mindelo-Porto Novo com a entrada em vigor do novo sistema.
“Em poucos dias tivemos aqui não só os dirigentes locais mas também o governo para entender e dar toda a cobertura necessária, visando repor a normalidade. Passos já foram dados. Pelo menos a venda de bilhetes já voltou praticamente à normalidade. A expetativa é que voltemos rapidamente à normalidade, sendo que para isso é necessário haver uma segunda embarcação RO-RO nessa via”, considera.
Neste momento, a linha São Vicente-Santo Antão é servida por um único navio, com quatro viagens diárias de ida e volta. Num passado recente, a mesma linha chegou a ser servida por duas ou mesmo três embarcações.
Em resposta às reivindicações dos passageiros, José Gonçalves recorda que já foram introduzidas melhorias substanciais. Para o governante, um único navio responde à procura da linha, sendo apenas necessário adequar os horários.
“Os horários ainda não são os mais adequados, é por isso que temos que analisar como é que se pode melhorar o horário, mas efetivamente há mais frequência. Temos que ajustar na medida do necessário", acredita.
O ministro também garante a manutenção de preços.
"Devo aqui aproveitar para dizer que não vai haver aumento de tarifas. No sistema informático houve medidas tomadas que forma imediatamente corrigidas, não vai haver mudanças”, assegura.
José Gonçalves afirma que a Comissão de Acompanhamento criada para acompanhar a implementação do contrato de concessão vai continuar a acompanhar a situação.
A visita de José Gonçalves a Santo Antão surge depois de o vice-Primeiro-Ministro, Olavo Correia, ter dito este fim-de-semana, num encontro com os operadores de Porto Novo, que o governo não está contente com a situação na linha Mindelo-Porto Novo. Posição assumida depois das queixas apresentadas pelos passageiros e empresários, perante o caos que instalou nas bilheteiras, nos primeiros dias da concessão, com filas de várias horas.
O serviço de transporte público marítimo de passageiros e carga entre as ilhas entrou em vigor a 15 de Agosto e é operado pela CVI. O contrato de concessão foi assinado a 15 de Fevereiro, válido para um período de 20 anos, passível de renovação.
Fonte: Expresso das Ilhas