Governo de Cabo Verde admite “indispensabilidade” de despedimentos na TACV

O Governo de Cabo Verde admitiu, segunda-feira, na cidade da Praia, “a indispensabilidade de despedimentos" na transportadora aérea nacional (TACV) no âmbito do plano da sua reestruturação, tendo em vista a sua futura privatização, apurou a PANA de fonte segura.

Em declarações a jornalistas, o ministro cabo-verdiano da Economia e Emprego, José Gonçalves, disse que o Governo está a analisar todos os fatores para que a TACV possa operar em condições de sustentabilidade e rentabilidade.

“Se isto tem de passar pela redução do pessoal, também vamos ter de ver isso, assim como a melhoria da frota", disse o ministro, sem, no entanto, confirmar os números avançados nos últimos dias pela imprensa local e que apontam para o despedimento de 150 trabalhadores.

"Não confirmo o número de pessoas que serão despedidas porque neste momento há várias análises a serem feitas. O que posso confirmar é que a redução do pessoal é uma indispensabilidade, mas não é simples despedimento", assegurou, garantindo que o Executivo já está à procura de recursos para indemnizar os trabalhadores da TACV.

"Sabemos que neste momento mais vale menos pessoas, mais motivadas, mais bem enquadradas, do que ter excesso de pessoal que só nos leva a uma situação de insustentabilidade da empresa", anotou.

Recordou que a TACV está a passar por "momentos difíceis" em termos de modelo de negócio e que, por causa das suas necessidades, é o Tesouro que tem estado a manter a companhia a operar através de grandes transferências mensais.

José Gonçalves anunciou que, enquadrada no plano de reestruturação, a companhia deverá apresentar "soluções concretas" até ao primeiro trimestre do próximo ano, para poder respeitar os compromissos assumidos com parceiros internacionais.

A seu ver, estes parceiros "já estão desgastados” com o facto de que, há mais de 20 anos, se fala em reestruturação sem que isso tenha acontecido.

“Agora querem ver uma solução e nós dependemos desses parceiros que são os nossos financiadores", sublinhou o governante, assegurando que o Governo, depois das mudanças na empresa, vai procurar um "parceiro sério" para privatizar a única companhia aérea do arquipélago cabo-verdiano.

Considerou que a mesma deve adequar-se às novas dinâmicas do mercado "altamente concorrencial".

Entretanto, o Sindicato de Transportes, Telecomunicações, Hotelaria e Turismo (SITTHUR), onde estão filiados grande parte dos trabalhadores da TACV, já manifestou a sua disponibilidade para discutir as propostas de redução do pessoal mas, prosseguiu, "desde que seja nos termos da lei".

“Não aceitaremos que a TACV proceda à redução do pessoal à margem da lei violando os direitos adquiridos pelos trabalhadores”, afirmou o secretário permanente do SITTHUR, Carlos Lopes, assegurando que o sindicato será “bastante firme na defesa da legalidade nesse processo”.

Carlos Lopes recordou que, numa recente reunião com o atual conselho de administração da TACV, o SITTHUR sugeriu que fossem retomados os programas de pré-reforma e de desvinculação por mútuo acordo implementados anteriormente pela empresa antes de se enveredar para o despedimento.

A companhia área, com mais de 50 anos de vida e detida em 100% pelo Estado, vem custando um milhão de euros por mês aos contribuintes cabo-verdianos.

Desde 2012, a dívida acumulada pela TACV é de mais de 10 milhões de euros, indica-se.

Fonte: Panapress

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